Agosto, tempo favorável à implantação da cultura vocacional!

Agosto, tempo favorável à implantação da cultura vocacional!

Entende-se por Cultura Vocacional, o fundamento da cultura da vida nova, que é vida de agradecimento e gratidão, de confiança e responsabilidade, que no fundo é cultura do desejo de Deus, que dá a graça de considerar o homem por si mesmo e de reivindicar constantemente sua dignidade diante de tudo aquilo que pode oprimi-lo no corpo e no espírito.

Os conteúdos desta cultura vocacional estão relacionados a três áreas: a antropológica, a educativa e a pastoral:

1. Antropológica: refere-se ao modo de conceber e apresentar a pessoa humana e a vocação. Ela se preocupa com que a cultura vocacional evite ter uma visão subjetiva, que transforma o indivíduo no centro e na medida de si mesmo, que entende qualquer realização como uma defesa e uma promoção de si mesmo, e não como uma abertura e uma doação. Toda a vida é dom, é apelo a um projeto. Trata-se de apresentar a vocação, e tudo o que se elabora em torno dela, não como algo meramente operativo, ocasional e externo ao sentido da existência, mas como algo que se insere no coração de suas exigências de realização, com suas responsabilidades e com a liberdade que lhe são próprias

2. Educativa: procura favorecer uma proposta de valores em sintonia com a vocação. Há uma urgência de promover aquelas que podemos chamar de “atitudes vocacionais de fundo”, que dão origem a uma autêntica “cultura vocacional”. Essas atitudes são:
– a formação das consciências;
– a sensibilidade diante dos valores espirituais e morais;
– a promoção e a defesa dos ideais da fraternidade humana, do caráter sagrado da vida humana, da solidariedade social e da ordem civil;

3. Pastoral: salienta a relação entre vocação e cultura objetiva e tira as conclusões úteis para o trabalho vocacional. A vocação injeta novas energias na cultura, expressando de maneira simbólica e real os valores que surgiram e que a sustentam. A aceitação das vocações cristãs da parte de uma cultura, depende de suas características, mas também daquilo que significam essas vocações. São significativas e criam raízes na cultura quando correspondem às expectativas profundas e às aspirações legítimas. Surge, portanto, para os agentes da pastoral vocacional a contínua tarefa de realizar concretamente uma proposta pastoral que corresponda aos desafios próprios da cultura atual.

Consequências dessa Cultura Vocacional para a ação pastoral

É necessário e urgente organizar uma pastoral das vocações para que seja ampla e capilar, que chegue às paróquias, aos centros educativos e às famílias, de modo especial, à Pastoral Juvenil, suscitando uma reflexão atenta aos valores essenciais da vida, que se resumem claramente na resposta que cada um está sendo convidado a dar diante do apelo de Deus, especialmente quando ele pede a total entrega de si e de suas próprias forças para a causa do Reino. Neste contexto, assumem também toda a sua importância as demais vocações, enraizadas basicamente na riqueza da nova vida recebida no sacramento do Batismo.

A partir daí, poderíamos dizer que se trata de organizar a pastoral ordinária em chave vocacional, já que a pastoral vocacional apresenta pontos coincidentes com todos os demais setores pastorais, com os quais deve trabalhar em estreita sinergia de intenções e de ação. Os setores que particularmente representam «espaços vitais» são: a pastoral familiar, a pastoral educativa ou escolar, a catequese e a pastoral juvenil.

Certamente existe um objeto próprio, do qual a pastoral vocacional cuida, e que se trata de uma ação pastoral e pedagógica junto ao povo de Deus, relacionada com a vocação em geral e as vocações particulares (dos leigos, as ministeriais, as carismáticas). Inclui-se nesta ideia toda a vida humana como uma vocação, da experiência de fé enquanto vocação, e também a geração e a regeneração contínua de vocações no interior da comunidade eclesial. A ação pastoral relacionada com as vocações se verifica em diversos momentos: desde os aspectos que antecedem a decisão, o processo de decisão propriamente dito, o ingresso em uma casa de formação, o currículo de formação em suas várias fases, até a vivência e a maturação da vocação. A ação da pastoral vocacional propriamente dita se concentra na metodologia pedagógico-pastoral, para fazer surgir, descobrir e cultivar em sua fase inicial, as vocações para uma especial consagração.

Assim, nesse mês em especial, a Igreja convida a todos a orar pelas diversas vocações. O primeiro chamado que recebemos de Deus é o dom da vida. A vocação a vida cristã inicia com nosso Batismo e cabe aos pais e padrinhos orientar na fé.

Uma vez, crescidos na fé, Deus convida aos jovens a dar novos passos nessa vida cristã e a colocar-se a disposição Dele e disposição do próximo, seja na vocação laical (matrimônio e serviço leigo); vocação sacerdotal e religiosa e a vocação missionária.

Que a Pastoral Juvenil, em suas várias expressões, seja ousada e ao rezar pergunte a Deus: “Senhor, que queres que eu faça? E não esqueça… Vocação não é só chamado, é também resposta: qual será a sua?

Dom Nelson Francelino Ferreira
Bispo de Valença (RJ) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral
para a Juventude da CNBB

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Email