A agenda da Pastoral Juvenil não pode se restringir à entretenimento!

A agenda da Pastoral Juvenil não pode se restringir à entretenimento!

Ser jovem hoje não é sinônimo do “ser jovem em outros períodos da história”. O próprio conceito de juventude tem uma trajetória curta. Há duzentos anos, quando alguém deixava de ser criança, já era considerado adulto. Ou seja, o processo de amadurecimento era muito mais implacável, sem nenhuma fase de transição. Era comum, na época dos nossos bisavós, casarem-se com 13,14 ou 15 anos. Com o desenvolvimento histórico e cultural foi, literalmente, criada uma fase de transição para marcar melhor o período de necessário amadurecimento moral dos indivíduos que já tinham corpos biologicamente “prontos”. A juventude nasceu assim e carrega consigo este signo: o de ser uma fase da vida das pessoas em que, apesar de já terem “tamanho e hormônio”, não têm ainda o “capital moral” necessário para lidar com as situações mais típicas da vida adulta.

 Atualmente, vivemos em uma cultura marcada pelo espetáculo e entretenimento que elimina ao máximo as oportunidades de adquirirmos esse amadurecimento moral. Somos mantidos infantilizados. Há muitos esforços da cultura para manter em um estereótipo de “Peter Pan”, um eterno garoto! Ser jovem hoje, portanto, é uma realidade de tensão entre a urgente necessidade de amadurecimento moral e estarmos em uma cultura que insiste em manter os jovens infantilizados por muito tempo, como meros consumidores da indústria do entretenimento.

À luz do que foi dito, a Pastoral Juvenil tem muito a contribuir com a formação dos jovens. Nossas comunidades locais são lugares privilegiados para os jovens e adolescentes encontrarem o ambiente propício de amadurecimento em meio a uma cultura infantilizadora. Os grupos juvenis devem se tornar o lugar onde os valores e as virtudes cristãs não só devem ser ensinados, mas também cultivados através de um discipulado que visa torná-los completos em Cristo Jesus.

 Se não oferecermos um programa de formação alternativo de vida cristã e amadurecimento, alicerçados em discipulado e vidas compartilhadas pessoa a pessoa, então, sem percebermos, já fomos engolidos pelo contexto de fé relativizada tão comum nas mídias, redes sociais e ambientes universitários. Não existe nada mais urgente do que a atuação de nossas lideranças que resistam à cultura do espetáculo e do entretenimento em ministérios cada vez mais locais, que ensinem as pessoas a serem maduras em Cristo.

 Muitas vezes, no intuito de se aproximar dos jovens, acabamos cometendo um grande erro, acabamos por nos aproximarmos demais de comportamentos, linguagens e abordagens demasiadamente parecidos com os vivenciados nos ambientes midiáticos.

O grande dilema é que muitos dos nossos agentes pastorais, na tentativa de se aproximar do público mais jovem, acabam tentando conquista-lo, através da repetição dos padrões culturais de infantilização comum em nossa cultura atual.

Projetos que procuram alcançar jovens tão somente através da lógica do espetáculo, do evento, do show e até das mídias estão destinadas apenas a contribuir na manutenção de uma juventude longe das expectativas e dinâmicas do Reino de Deus. Se quiser realmente alcançar uma faixa etária específica de jovens e adolescentes, a pastoral juvenil deve buscar formas criativas de contribuir com o amadurecimento desses jovens em Cristo.

Manter os jovens entretidos em nossos cultos é muito diferente de cultivá-los no evangelho e desenvolvê-los em Cristo. Portanto, Entretenimento não é formação cristã. Não fique desanimado porque não se encaixa no padrão de sucesso que os líderes midiáticos e secularizados propagam. Você não foi chamado para fazer sucesso, mas para ser fiel ao Senhor. Por isso, sugiro a toda liderança juvenil, espalhada em nosso Brasil, a dedicar um bom tempo aos cursos da plataforma EAD que a Comissão Episcopal para a Juventude vem oferecendo às nossas lideranças.

Dom Nelson Francelino,
Presidente da Comissão Episcopal
Pastoral para a Juventude.

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